a semana

segunda.
uma rosa parece tenebrosa
neste jardim.

já cedo me perdi…
ônibus, livros, notícias que não li
garotas bonitas e seus pobres cabelos molhados
& caras amassadas (o que será no almoço?)
cartão de ponto e início de semana…
o mesmo alvoroço.

uma garoa chora lá fora - chegou minha vez…
rápido! a máscara! a máscara!
não quero pecar outra vez!

tenho os pés cravados no cimento,
e afundo: "ao fundo… ao fundo…
sumam com ele,
não vale a pena este tormento!"

mas é apenas o começo, nada acaba tão cedo.
nem sempre podemos respeitar as horas marcadas
desprezos & foras carregados involuntariamente
túmulo de luz em epitáfios inundados…
dentro estarão os olhares de compreensão.


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terça. terceira vez que te ligo de imaginação procurando embaixo das mesas algum recado: perdoares cristalinos, gotas de lágrimas e de verdades, anônimas, sulfurosas, desinfetadas. nada. mas hoje notas musicais tomarão conta de meus pensamentos, menos do coração, que cutuca, cutuca, feito batuta astuta: um, dois, três, quatro, um, dois, três, quatro, um, dois, 3, 4… 5.000 vezes não! um dia eu vou te ver longe de olhares felinos… e ainda assim será de verdade como sempre foi.
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quarta. sessões de cinema espaciais no centro da cidade: pipocas & chocolates. beijos antes e depois. escurinho de lanternas sem destino, batons & chicle… quem falar de serviço paga um bombom! chá mate com leite, liquidação de livros, cigarros (cóf! cóf! cóf!)… desaparecem as fumaças no frio da noite assim como nós. a gente se abraça, divide nosso calor. ônibus & ombros & sonos o caminho pra casa, a pé. em busca de risadas livres ainda somos diferentes dois.
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quinta. vem chegando vem chegando hoje dá 7 mas não chega 5. (minto minto minto) adoro mentir e estilhaçar lógicas ou me calar. vou me calar agora! música de lius, ou prelúdio invertebrado do mais puro aço coroadas & inexplicadas vago silêncio-pausa acorrentado duro traço desesculachado de todo queromais. espero te ver não te vejo beijo…… tchau…………
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sexta. alucinações perturbam o que você pensa sente vê. culturas do corpo ali cervejas & aguardentes & nicotinas aqui vez ou outra a gente quebra a rotina. coragem! coragem! baixe a guarda & a arma… moleques & molecas sujos suados sarnentos colados em sacos plásticos (entendo…) o luxo está em baixa (loucura…) umedecendo nossos olhos pequenos. icebergs fantasiados para uma manhã de verão carioca… nada convencional, nada mal… o que vou mal?
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sábado. tarde sufocada em fina lágrima transparente, inexistente. telefonema compromete vontade cheia de banho de sol. mas hoje é mais foi mais será mais… chapéu largo e preto (presente dela) tranças de ouro e brincos de petróleo: não deixe naufragar nosso barco! casacos redondos e risonhos filmes sem contos… não importa se deitado sentado ou em pé duchas & hidromassagens teu corpo nu sempre virgem para que meus pecados possam te satisfazer. não exijas nada que também não desejo sejamos imperfeitos e nossas adorações ainda serão únicas…
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domingo. lençóis suados e despertares de perder a hora - mas nunca haverão horas a perder. silêncioso sol de fogo assoalha meu quarto instante. programas infantis, famílias não me quero tudo só calmante (a granel) para o jogo. almoço lá em casa, chama o pessoal a gente tenta se divertir. depois cinema cerveja & pastel (e ainda assim as fadas estarão em seus ninhos) os finais sempre os mesmos missas que não freqüento (não suporto civilização) e você foi embora esquecendo de levar meu coração.